Sunday 29 January 2012

Gluttony


A little boy rolled his £2.60 into the Ben & Jerry’s machine. A steep price to pay for such a small tub of ice cream, but the show put on by the machine was worth it.
On tiptoes he pressed his hands and face against the window: let the show begin! The vacuum-like instrument lowered, the crate of ice cream opened, slowly and dramatically as if it were a treasure chest, revealing all the different flavours. It moved until it was hovering over the Chunky Monkey boxes, dropped out of sight and started to suck up the little tub. The boy’s eyes wide with amazement, awaiting his dessert.
The vacuum was ascending slowly, the lid in sight, up it came, yet, shock, horror, where was the ice cream? The machine placed the lid down, and the boy grabbed it with both hands as if to say ‘Is this it?’. He glanced back at the machine, hoping it would go back for the rest of his £2.60, but no such luck.
Tears flooded his eyes as he walked away with a mere lid in his hands. With his back already turned to the machine he heard it make a loud noise, as if laughing at his misery. The tears started to run down his face.

Friday 13 January 2012

Teardrop


How is it that
something so small
can make us feel
so
utterly
miserable?

A teardrop is clear,
small, pearl-like and
unclouded.
Yet it’s relentless
and leaves me breathless.

Why do you torment me so?
Your beauty is undeniable,
as is your power.
And so it is
that you march your way
down my forlorn face.

What will alleviate the pain
this time?
Who will soothe my aching heart
this time?
I will placidly wait.

Wednesday 11 January 2012

As canções

O coração necessita de afinação como os rádios.
Por vezes, em simultâneo, escutamos duas canções,
 e uma perturba a outra,
e não é bom para os ouvidos.
 Mas qual o botão que afina o coração?
Não é assim tão fácil.

Gonçalo M. Tavares

Saturday 7 January 2012

Labirinto


Quando olhamos para um labirinto ficamos momentaneamente perplexos, não conseguindo encontrar um caminho que nos leve até à saída ou àquilo que procuramos, mas, então, será possível que um labirinto deixe de ser visto como tal?
De facto, andar por um labirinto é como visitar uma cidade nova, isto é, até nos habituarmos a ela vamo-nos perder, não importa se uma ou vinte vezes, mas é quase inevitável. Contudo, depois de a ficarmos a conhecer melhor deixamos de estar curiosos sobre aquilo que possamos encontrar a cada virar de esquina e passa a ser apenas mais um caminho pelo qual nos sentimos confortáveis a navegar, deixando, então, de ser um labirinto mas sim apenas mais uma encruzilhada de ruas.

Wednesday 4 January 2012

Um Jogo de Damas


Sentada na poltrona olhei para fora. O céu estava escuro e as nuvens de formação vertical anunciavam uma chuva forte de curta duração. De repente, uma gota grossa caiu, marcando um círculo perfeito no pavimento. Os círculos começaram a multiplicar-se; as nuvens estavam a criar um quadro pontilhista tão bonito como os de George Seurat. O céu trovejou. Alguma coisa no quadro que pintava não estava como queria.
As gotas começaram a ser lançadas furiosamente ao chão, começando a misturar-se, deixando de parecer um quadro pontilhista, lembrando mais um abstraccionista.
Ao mesmo tempo, uma pequena mesa redonda de vidro estava no quintal e os pingos acertavam nela, saltando pequenas gotas para a frente e para trás como se os dois lados estivessem entretidos com um jogo de damas. A mesa, ligeiramente inclinada para a esquerda fazia com que a água se acumulasse lá, de maneira que parecia que o jogador da esquerda tinha ganho mais peças.
A chuva parou. A água acumulou-se e a esquerda ganhou com maioria absoluta.