Wednesday 4 January 2012

Um Jogo de Damas


Sentada na poltrona olhei para fora. O céu estava escuro e as nuvens de formação vertical anunciavam uma chuva forte de curta duração. De repente, uma gota grossa caiu, marcando um círculo perfeito no pavimento. Os círculos começaram a multiplicar-se; as nuvens estavam a criar um quadro pontilhista tão bonito como os de George Seurat. O céu trovejou. Alguma coisa no quadro que pintava não estava como queria.
As gotas começaram a ser lançadas furiosamente ao chão, começando a misturar-se, deixando de parecer um quadro pontilhista, lembrando mais um abstraccionista.
Ao mesmo tempo, uma pequena mesa redonda de vidro estava no quintal e os pingos acertavam nela, saltando pequenas gotas para a frente e para trás como se os dois lados estivessem entretidos com um jogo de damas. A mesa, ligeiramente inclinada para a esquerda fazia com que a água se acumulasse lá, de maneira que parecia que o jogador da esquerda tinha ganho mais peças.
A chuva parou. A água acumulou-se e a esquerda ganhou com maioria absoluta.

1 comment:

  1. olá Kate!

    às vezes ganham-se maiorias absolutas por simples inclinações momentâneas, e, por vezes, mete-se água...

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