Quando tinha quatro anos o meu gato morreu. Perguntei à minha mãe
para onde é que ele tinha ido e ela disse:
—Para o céu.
Estávamos no quintal, por isso olhei para cima. O céu estava coberto
de nuvens.
—É tão cinzento… achas que ele está feliz?
—Estão nuvens porque não querem que vejamos o que prepararam para o
Fred. Aposto que se estivessemos para além das nuvens veríamos uma enorme
festa. Nesta altura o Fred está a regalar-se com uma quantidade infinita de
leite morno. Vais ver que amanhã já está sol outra vez.
—Então no céu vemos e temos aquilo que mais gostamos?
—Sim, querida. Tudo e sempre que queremos.
Passados alguns meses andei de avião pela primeira vez. Não me tinha
esquecido daquilo que a minha mãe me tinha dito, então estava certa que quando
passássemos para lá das nuvens eu ia ver castelos fantásticos, princesas, fadas
e até dragões – estava super ansiosa, aliás, estaria aos pulos se a minha mãe
não me tivesse apertado tanto o cinto.
Quando o tão esperado momento chegou, o brilho nos meus olhos
extinguiu-se. Era uma terra vasta, branca e vazia. Nesse momento, começei a
temer a morte.
Chilling and with that unique sadness of innocence lost that all parents suffer when they see their children going through it. That's why they make up ridiculous stories like heaven. Maybe it would be better if we told stories of the life cycle, so the absence of a cats' heaven wouldn't come as such a shock.
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